quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Resenha: A Revolução dos Bichos – George Orwell

Autor: George Orwell
Edição: Companhia das Letras (2007)
Nota: 5,0/5

Resumo do livro

Um dia, o velho Major, um velho porco da Granja do Solar, tem um sonho de uma terra sem seres humanos, onde reina a igualdade entre os animais. Logo convocou uma reunião e propôs uma revolução futura, por meio da qual se livrariam da tirania do homem e viveriam bem. Pouco tempo após a morte do Major, a revolução estoura de forma inesperada. Os animais, liderados pelos porcos, tomam a granja de Jones, que vira Granja dos Animais. A nova vida se inicia, com novos mandamentos que pregam a igualdade entre todos, bem como o espírito de amizade. Os animais vão fazer a colheita do feno, mas quando voltam, o leite ordenhado das vacas sumiu.

Na nova vida, cada animal se esforçava ao máximo – até os patos. Os porcos, contudo, eram a força intelectual. Até tentaram alfabetizar os outros animais, mas sem muito sucesso. O mistério do leite foi resolvido: estava sendo misturado à ração dos porcos, porque lhes fazia bem (assim como as maçãs do pomar) e, segundo eles, as comiam pensando nos outros, pois precisavam continuar raciocinando bem e liderando o movimento, para que Jones jamais retornasse.

Jones e seus homens tentam retomar a granja, e uma longa batalha acontece. Uma ovelha morre no processo. Os animais conseguem expulsar os homens. Bola-de-neve (um dos porcos líderes) e Sansão, o cavalo, são condecorados pela bravura. A espingarda de Jones ficou ali, e decidiu-se que ela seria disparada duas vezes por ano, em comemorações especiais.

A partir daí, polarização, discussões e divergências entre Bola-de-neve e Napoleão (outro porco líder), principalmente sobre a construção do moinho de vento. O primeiro defendia tecnologia, eletricidade e descanso; o segundo, mais comida, e era indiferente aos projetos. No dia da votação, acontece um golpe! Ao ver que perderia, Napoleão, munido de 9 cães ferozes que haviam sido educados por ele, expulsou Bola-de-neve e instaurou o Comitê dos Porcos, para tomar as decisões por todos os animais. Pouco tempo depois, anunciou que o moinho seria construído; que, por tática, fingiu ser contra. A construção agora levaria o dobro do tempo previsto e implicaria em redução de ração.

A partir daí, as contradições parecem não ter fim. Os animais trabalham cada vez mais duro, e os porcos têm cada vez mais luxo. Dada a necessidade de recursos, iniciaram comércio com humanos; mudaram-se para a Casa Grande e dormiram nas camas (algo que era proibido, mas a lei foi alterada para camas com lençóis – e eles não dormiam com lençóis). Após um temporal, o moinho fica em ruínas e a culpa cai em Bola-de-neve. Tudo era culpa dele.

A situação fica cada vez mais crítica. Fome, falta de recursos e ração. O trabalho, entretanto, sempre aumentava. Para piorar, os traidores agora eram mortos pelos cachorros. Os bichos estão desolados, mas não ousam resistir. Até a canção símbolo da resistência, Bichos da Inglaterra, fora abolida. Os mandamentos são alterados para “animal não mata animal sem motivo” e “não se deve beber álcool em excesso”.

O aspecto trágico tem seu ápice quando o pobre Sansão, que tantou trabalhou pelo seu líder, após ser ferido em batalha, fatigou-se por extremo. Dizendo enviar-lhe ao veterinário, haviam contratado um carniceiro para matá-lo. O capítulo é caótico, com o apático Benjamin agora feroz por ser o único que sabia ler e percebera o destino final de seu amigo. Eis a morte, o esquecimento e a fácil substituição de um trabalhador tão leal e dedicado.

Assim termina a história. Os porcos tornaram-se os novos humanos, e os animais ficaram em uma situação pior do que antes. O poder é devastador; revela o coração como poucas coisas o fazem.

Minhas impressões

É um baita livro. Gostei muito do estilo do autor, bem como de suas ironias. Particularmente gosto muito de alegorias. Dá para entender por que o livro é um verdadeiro clássico da literatura mundial. É uma forte crítica ao acúmulo de poder; uma crítica não ao socialismo, pois Orwell era socialista, mas ao sistema socialista fracassado, cujos líderes haviam se tornado piores do que aquilo que queriam evitar. O livro mostra como sempre haverá pessoas que, uma vez no poder, se tornarão completamente diferentes do que um dia foram. Foi e sempre será assim.

Sobre a edição da Companhia das Letras: Excelente. Baita tradução de Heitor Aquino Ferreira. Para mim, foi na medida. Combinou uma tradução mais rebuscada em certos momentos com algo mais leve em outros. Ainda aprendi várias palavras novas para aumentar o vocabulário. Infelizmente este é um problema que enfrentamos bastante atualmente: a pobreza das traduções. Em busca de tornar a tradução "acessível", opta-se apenas por palavras fáceis e amplamente reconhecidas, de modo que o leitor não mais consulta um dicionário sequer, sob o pretexto de que sua leitura seria atrasada. Contudo, esse é um dos papéis do livro, que não deve ser apenas saboreado, como também é um instrumento de aprendizado constante e expansão da cultura. Além disso, não encontrei erros de revisão, diagramação ou algo do tipo. Por essa razão, deixo meus elogios à tradução e à edição impecável da Companhia das Letras.

Quem deveria lê-lo?

É um livro excelente que todas as pessoas deveriam ler, principalmente aquelas que se interessam por disciplinas como história e sociologia.

Lições aprendidas

  • O poder tem a capacidade de revelar o coração como poucas coisas o fazem.
  • Conhecimento, sabedoria e discernimento ajudam a não crer em tudo o que se diz, julgando todas as coisas conforme necessário.

Melhores citações

O Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o que dê para pegar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. — O velho Major conta seu sonho, p. 12

Todos os homens são inimigos, todos os animais são camaradas. — Máxima pregada pelo velho Major

De certa maneira, era como se a granja tivesse ficado rica sem que nenhum animal houvesse enriquecido – exceto, é claro, os porcos e os cachorros. (p. 102)

Nada havia, agora, senão um único mandamento que dizia: “Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”. — Quitéria e Benjamin leem a parede do celeiro com as regras (p. 106)

As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez, mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco. — Frase de encerramento do livro (p. 112)


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De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens. Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, A revolução dos bichos combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo.

domingo, 4 de abril de 2021

Os bilhões de Arsène Lupin

Os bilhões de Arsène Lupin

Autor: Maurice Leblanc
Edição: Principis
Nota: 3,0/5

♦ Do que o livro se trata?

O livro relata como o caminho de Patricia, uma jovem repórter americana, se cruzou com o de Arsène Lupin, o famoso cavalheiro-furtador. Enquanto Patricia investigava um misterioso encontro no qual seu chefe (e prometido marido) é assassinado, tendo sua pasta roubada. Uma série de incidentes levam a bela Patricia a despertar paixões e se envolver com as mais terríveis pessoas. Pelo caminho, um gentil benfeitor, Horace Velmont, oferece-lhe ajuda, indicando quem teria cometido tal crime: a Máfia está por trás de tudo, e eles querem se apoderar de todo o dinheiro de Arsène Lupin; Horace também lhe oferece proteção e, além disso, todo seu amor. Mas quem é Horace Velmont, que tanto sabe sobre tudo? Ora, só uma pessoa teria tantas informações... Assim a história se desenrola em “Os bilhões de Arsêne Lupin”.

♦ Minhas impressões/pensamentos sobre o livro

O livro é legal, uma leitura leve e sempre agradável, como os outros do mesmo autor. Contudo, este não cumpriu com as expectativas que livros anteriores sobre o cavalheiro-ladrão criam no leitor. Quem leu “O ladrão de casaca” ou “Contra Herlock Sholmes” vai se desapontar ao encontrar um Lupin que aparece de fato quase no fim da história, e, ainda assim, não nos surpreende com suas fugas mirabolantes, com seus planos cuidadosamente arquitetados; não, vemos um Lupin aparentemente cansado, querendo apenas descansar com os frutos de seu “trabalho” e, além disso, apaixonado. Claro, o leitor acostumado sabe que Lupin é muito galanteador, de modo que esta é sua marca; Lupin, “o último dos miseráveis, o mais perigoso, porque o mais simpático dos malfeitores”; mas nesse livro isso desaparece, dando lugar a um Lupin que não passa de um homem que reage; pode-se dizer que ele é quase coadjuvante neste livro, de modo que a jovem Patricia rouba toda a cena.

Além disso, devo destacar que há coisas um tanto absurdas no livro, que, embora eu tente não prestar tanta atenção nisso, não é possível fechar os olhos para elas. Por exemplo, o fato de uma tigresa que escapou por acidente ser domesticada pela jovem Patricia, protegendo-a e até mesmo ajudando Lupin a escapar. Há algo que mais desafie a realidade? Nem todas as miraculosas fugas de Lupin chegam perto de tal fantasia.

Quanto à edição da Editora Principis:
Excelente. Ótimo custo-benefício. Nesta quase não encontrei erros de revisão; nada fora do normal que valha a pena ser mencionado. A edição segue o padrão dos outros livros do mesmo autor. Recomendo demais!

♦ Quem deveria lê-lo?

Creio que é uma leitura válida para todos os fãs de Arsène Lupin.

♦ Top citações

  • “Há situações na vida que só enxergamos claramente quando fechamos os olhos.” (p. 34)
  • “Lupin, o último dos miseráveis, o mais perigoso, porque o mais simpático dos malfeitores, o mais hábil, o mais capaz e o mais rico” — fala do jovem líder da organização criminosa que queria se apropriar do tesouro de Lupin (p. 127). 

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Qual a palavra mágica que faz Arsne Lupin aparecer e desaparecer? Patricia, uma jovem americana assistente de James Mac Allermy, é muito querida por seu chefe, fundador do jornal Allo-Police, que vê um futuro profissional brilhante para sua preciosa colaboradora. Mas a morte de James vai dar uma guinada na vida de Patricia, deixando muitas perguntas no ar. Por quê, depois de um misterioso encontro, Mac Allermy é assassinado? O que havia na pasta de couro que foi roubada dele? Quem atacou Patricia? Quem deu a ela um apito de prata? Assassinato, dinheiro, romance, fuga e muitas perguntas, que só uma pessoa é capaz de responder: Arsène Lupin!

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sábado, 27 de março de 2021

Resenha: Frankenstein

Frankenstein

Autor: Mary Shelley
Edição: Principis
Nota: 5,0/5

♦ Do que o livro se trata?

O livro é um “compilado” de relatos de Walton Saville, um marinheiro que deseja explorar as terras geladas mais ao Norte do globo, as quais são conhecidas por seus perigos e sua incapacidade de navegação. No meio da expedição, ele e sua tripulação se deparam com uma figura enorme e deformada passando rapidamente pelo gelo em trenós e, um tempo depois, encontram um homem vagando em uma placa de gelo que havia se desprendido, fadado à morte caso não fosse encontrado. O resgatado, Viktor Frankenstein, passa a relatar tudo o que lhe acontecera até chegar ali. O livro então é quase todo composto do relato da sua vida até aquele ponto, de como, por meio de seus estudos da filosofia natural, conseguiu criar um ser inanimado e dar vida a ele, um ser composto de diversas partes humanas desproporcionais entre si, que lhe conferiam uma aparência vil e maligna. Este ser, cuja aparência é de um demônio, segundo seu criador, torna-se o motivo de seus terrores para o resto de sua vida. O ser criado por Frankenstein, que tinha as melhores aspirações, aprende com o ser humano o que é a maldade, e passa a agir assim para atormentar seu criador, fazendo-o sentir-se culpado pelos terríveis acontecimentos que tomam lugar.

♦ Minhas impressões/pensamentos sobre o livro

O livro é sensacional. A literatura dos séculos 18 e 19 me fascinam. Histórias, de fato, assombrosas, horripilantes, que nos tiram da zona de conforto e questionam não apenas nossos princípios, mas também a raiz deles. Não tenho críticas à obra em si. Bem, o final acontece muito rápido, é verdade, mas não deixa de ser surpreendente e impressionante. É uma leitura que vale muito a pena.
A Mary Shelley foi muito feliz na escrita deste livro. A progressão da história é ótima e trata de assuntos comuns a esta época da literatura. Por exemplo, frases e trechos que indicam a destruição certa e iminente do Viktor Frankenstein são recorrentes. É como se seu destino já estivesse traçado: qualquer sucessão de eventos acabaria levando ao fim do livro, pois é como se ele não tivesse para onde fugir, seu demônio criado por si próprio sempre o perseguiria. Seu objetivo de vida, o qual lhe parecia irresistível, era ao mesmo tempo repugnante e exigente demais, mas mesmo assim ele estava disposto a ir em frente, sem pensar nas consequências que enfrentaria. Isso ecoa também no Walter Saville, narrador original até que entre em cena o Viktor Frankenstein.

A obra também lida com a aspiração de Frankenstein a ser um criador e, de fato, até mesmo um pai para aquela criatura. “Uma nova espécie me abençoaria como seu criador e fonte; muitas naturezas felizes e excelentes deveriam sua existência a mim. Nenhum pai poderia reivindicar a gratidão de seu filho tão completamente como eu deveria merecer a deles”, é o relato de Viktor. Mas este sentimento vai embora quando ele vê sua criação ter vida e ser tão repugnante. A criatura é então desprezada pelo seu criador e condenada a andar errante pelo mundo, longe de qualquer afeto. Pela sua desprezível aparência, ninguém quer manter-se próximo a ele. Logo, sua única saída é vingar-se, tornando a existência de seu criador tão infeliz quanto a dele. Como a criatura diz ao seu criador: “Eu deveria ser o seu Adão, mas sou muito mais o anjo caído, que você desviou da alegria sem nenhuma mágoa. Por toda parte vejo felicidade, da qual sou irrevogavelmente excluído... Faça-me feliz e novamente serei virtuoso”. A resposta de Viktor à reivindicação de sua criatura dita o rumo da história.

Com relação à edição da Editora Principis, é uma das melhores edições dessa editora que já tive em mãos. O acabamento do livro é excelente, além de ser muito bonito. O custo benefício é sensacional, até hoje me pergunto como as edições da Principis são tão acessíveis! Pelo preço, pode-se imaginar que a edição venha cheia de erros, mas não é isso que acontece. É o contrário: a qualidade é excepcional. Há pouquíssimos erros de revisão, o que é naturalmente natural em qualquer livro. O único mais “grosseiro” é o fato de continuar a repetição de travessões enquanto o mesmo personagem ainda está falando; isso confunde um pouco a leitura, mas isso só aconteceu no último capítulo, e em poucas falas. Nada demais. Para mim, não afeta a nota geral com relação ao livro nem estraga a experiência de leitura. Recomendo demais a edição da Principis, uma edição de excelente qualidade!

♦ Quem deveria lê-lo?

Todos os amantes da literatura devem entregar-se à leitura (e releitura) desde clássico. É possível se beneficiar muito da leitura deste livro. Impossível não se emocionar com os relatos, ou não ficar tomado de terror e surpresa conforme a leitura progride.

♦ Como o livro me mudou?

É importante sempre se perguntar: será que a mera aparência das pessoas afeta o meu julgamento com relação a elas? Isso vale não apenas para a aparência física, mas também para objetos e posses da pessoa. Em um nível mais profundo: até onde estamos dispostos a ir por nossas aspirações que, às vezes mesmo sombrias, não medimos esforços para alcançar? Estamos dispostos a lidar com os “demônios” criados pelo meio do caminho e que nos atormentarão até o fim de nossas vidas?

♦ Melhores citações

  • “Com essa estranheza as nossas almas são construídas e, por ligamentos assim frouxos, nos unimos à prosperidade ou à ruína.” (p. 40).
  • Por que o homem se gaba de sensibilidades superiores àquelas aparentes em estado bruto, na natureza? É só para se tornar um ser mais necessário.” (pp. 101-102).
  • “Será que o homem era, de fato, tão poderoso, tão virtuoso e magnífico, mas tão depravado e vil?” (p. 125).
  • “Será que eu era um monstro, uma nódoa sobre a Terra, alguma coisa da qual todos os homens fugiam e a quem todos repudiavam?” (p. 126).
  • “Não posso descrever a agonia que essas reflexões infligiram à minha pessoa. Tentei dissipá-las, mas a tristeza só aumentou com o conhecimento. Oh! Por que não havia ficado para sempre no bosque onde nasci, sem conhecer ou sentir nada além das sensações de fome, sede e calor?!” (p. 126).
  • “Ah! Como é bom o infeliz se resignar, mas para os culpados não há paz. As agonias do remorso envenenam a luxúria que, de outra forma, se encontra em entregar-se ao excesso de dor.” (pp. 201-202). 

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Victor Frankenstein desde muito jovem se dedicou aos estudos da filosofia e das ciências naturais. Até que, em uma experiência bem-sucedida (que lhe sugou a energia e o afastou do convívio dos seus entes queridos), ele foi capaz de dar vida a um ser de feições e trejeitos assustadores. A partir de então, criador e criatura passam a viver um jogo de perseguição repleto de sangue e horror – a primeira obra de ficção científica da literatura e um clássico do terror.

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Outras edições:

Edição de luxo Capa Dura - Editora Darkside: CLIQUE AQUI
Edição comentada Capa Dura - Editora Zahar: CLIQUE AQUI
Edição Martin Claret + O médico e o monstro + Drácula: CLIQUE AQUI


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quarta-feira, 17 de março de 2021

Resenha: Arsène Lupin, Ladrão de Casaca

Arsène Lupin, Ladrão de Casaca

Autor: Maurice Leblanc

Edição: Principis
Nota: 5,0/5

--Do que o livro trata?
O livro relata casos e situações envolvendo Arsène Lupin, um ladrão um tanto “incomum”, pode-se assim dizer. Lupin, com toda a sua técnica e sua ganância, mas nunca sem abandonar a sua cordialidade, fica conhecido como um “Gentleman-Cambrioleur” (ou cavalheiro-furtador). Para Lupin, nenhum roubo é difícil demais, não há objeto de valor que possa ser escondido, não há “trabalho” que não possa ser executado. E, ainda quando todos pensam que o possuem nas mãos, ele consegue arquitetar as mais brilhantes fugas bem diante de seus olhos, deixando todos boquiabertos. No último relato, o arqui-inimigo perfeito passa diante dele: ninguém mais ninguém menos que o mais famoso detetive que já existiu: Sherlock Holmes, deixando a expectativa de mais confrontos futuros. Não tenho essa informação no momento, mas creio que o livro é uma introdução ao personagem, pois os relatos abrangem desde o início de sua “carreira”. Arsène Lupin é o que chamo de “o ladrão ao qual não se consegue odiar”, pois suas artimanhas são tão fascinantes que é preciso tirar o chapéu e reconhecer que, se Arsène Lupin assina o crime (ou um aviso do crime), pouco adianta tentar evitá-lo.

--Minhas impressões/pensamentos sobre o livro.
O livro em si é excelente, não coloco defeitos. Gosto do estilo de escrita do Maurice Leblanc, embora não tenha lido na língua original. Apesar de que ele não pareça colocar tantos detalhes como o Conan Doyle ou a Agatha Christie, ainda assim seus livros são tão simples que tanto uma criança quanto um adulto certamente conseguem entender.
A edição da editora Principis é excepcional, ainda mais considerando seu preço extremamente acessível. Notam-se raríssimos erros, nada fora do normal. Vale muito a pena!

--Quem deveria lê-lo?
Todas as pessoas, eu diria, mas principalmente aqueles que gostam de histórias de investigação, como as de Sherlock Holmes ou as escritas por Agatha Christie, por exemplo.

--Quais as lições do livro?
Bem, não há muitas “lições” em si, mas livros assim sempre são ótimos para exercitar a imaginação e, quer queira quer não, você sai querendo observar mais as coisas ao seu redor, bem como realizar (ou tentar realizar) deduções no dia a dia.

--Melhor citação: “Onde a força falha, a astúcia vence” — Lupin.

--Top 3 capítulos:
1º Lugar: Capítulo 6 - O sete de copas
2º Lugar: Capítulo 1 - A prisão de Arsene Lupin
3º Lugar: Capítulo 9 - Herlock Sholmes chega tarde demais
 
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Arsene Lupin, que conseguiu ser mais famoso que seu criador, nasceu por encomenda do editor Pierre Lafitte ao escritor Maurice Leblanc. Este livro reúne as nove histórias A prisão de Arsene Lupin, Arsene Lupin na prisão, A fuga de Arsene Lupin, O viajante misterioso, O 'Colar da Rainha', O sete de copas, O cofre de Madame Imbert, A pérola negra, Herlock Sholmes chega tarde demais inter-relacionadas, tais como foram publicadas na revista do editor Lafitte, Je sais tout. Quando Arsene Lupin é preso ao descer do navio em Nova Iorque, seu biógrafo já o acompanha, pois Watson sempre acompanhará Sherlock Holmes. A diferença é que aqui é o próprio Maurice Leblanc quem se transforma em personagem para contar as aventuras do protagonista de sua invenção.

Edição de luxo da Editora Pandorga:

Arsène Lupin, o ladrão de Casaca é uma coletânea de nove histórias do escritor francês Maurice Leblanc que constituem as primeiras aventuras de Arsène Lupin. O editor da revista francesa Je sais tout encomendou a Maurice uma novela policial, cujo herói fosse para França o que era para a Inglaterra o detetive Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle. Nasceu assim Arsène Lupin, personagem vivo, audacioso, impertinente, desafiando sem cessar o Inspetor Ganimard, arrastando corações atrás de si, zombando das posições conquistadas e ridicularizando os burgueses, socorrendo os fracos, Arsène Lupin é um Robin Hood da Belle Époque. Nessa edição especial em capa dura, o leitor encontrará a versão integral do texto, traduzido diretamente do francês. Acompanham pôster e marcador exclusivo.

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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Corações Expostos - Como a Pandemia e as Eleições Revelam Nosso Coração

As eleições municipais em todo o Brasil se aproximam. Se você, assim como eu, é de uma cidade de menor porte, certamente já começou a testemunhar a típica movimentação política que tem início bem cedo. Os candidatos começam a se degladiar em busca do poder. Nesse jogo vale de tudo, desde provocações a críticas severas, desde comer pastel na feira e pagar de amigo da população até sair de casa em casa tentando angariar adeptos para seu lado. Ah, sem falar das carreatas, comícios e outros ajuntamentos de pessoas em prol do candidato que de uma vez por todas vai ser a solução para a cidade.

Contudo, as eleições deste ano são (pelo menos no papel) atípicas de uma forma especial. A pandemia causada pelo coronavírus deixou todos de cabelo em pé, causando temor pelo futuro e tristeza por ver tantas pessoas partindo de forma repentina. Um vírus minúsculo, imperceptível, que se aproveita de ajuntamentos de pessoas para se propagar, e que pode causar desde uma “gripezinha” até efeitos colaterais mais adversos, que culminam na morte do indivíduo. Não sabemos quem será a próxima vítima, pois o vírus ainda é bastante desconhecido. Eu gostaria de analisar aspectos de cada um desses cenários, tanto de eleições quanto de pandemia, e ressaltar como o acontecimento simultâneo dos dois agrava ainda mais as idolatrias existentes no coração dos homens.

A combinação de eleições em tempos de pandemia não foi vista por essa geração em nenhum momento anterior. O cenário de eleições já traz consigo diversas oportunidades para que o coração humano, o qual é idólatra por natureza, encontre alguém em quem confiar, ainda que saiba que será enganado. Quantas vezes não foi assim? A lembrança das eleições presidenciais de 2018 ainda estão na memória do povo brasileiro. Os candidatos eram (e ainda são) aclamados como verdadeiros iluminados, a esperança dos oprimidos, alguém que não possui defeitos — ou, ao menos, eles são ignorados. Multidões são arrastadas debaixo de sol ou de chuva para saudar o candidato A ou B, para tentar, se possível, apertar sua mão e até chorar perto dele por tamanho privilégio.

Isso tudo não é novidade. Não preciso passar horas listando as alianças de candidatos que antes eram inimigos mas que agora “uniram forças”, ou daqueles que apoiam alguém apenas visando manter seus cargos e empregos, ou mesmo obter alguma gratificação futura. Isso existe em todo lugar e não se manifesta apenas em tempos de política. Mas o fato de ainda estarmos em meio a uma pandemia global deixa tudo ainda mais grave. O coronavírus veio para desmascarar ainda mais todos aqueles que são e estão cegos para sua idolatria. E aqui não falo apenas de forma generalista, mas falo sobretudo dos cristãos.

Dentre tantas pessoas que ainda sofrem uma dor amarga pelo tanto que passaram, outras parecem ter esquecido do vírus, ou da memória das pessoas que se foram, ou do respeito pelas que ficaram. Somos todos mentirosos: dizemos nos compadecer das vítimas mas somos os primeiros a desrespeitar as normas, os primeiros a se juntar a multidões em apoio ao candidato A ou B, pois o que importa é que “meu candidato ganhe”. Avaliação objetiva é algo que não existe e parece até não fazer sentido: o que importa ainda hoje é a cor do partido, o número que o candidato carrega e pronto.

Tais pessoas não se dão conta de que seus corações estão cada vez mais expostos, principalmente em uma era em que nada escapa das câmeras dos celulares — tanto dos outros quanto os seus próprios. Tudo que você faz e gosta, todos a quem você apoia, todas as ideias com as quais simpatiza, tudo está exposto na vitrine do mercado da atenção. A intenção interior é que, de fato, sejamos vistos e contemplados; nossas opiniões e ideias são então reproduzidas por centenas ou até milhares de amigos. O que você não se dá conta é que isso pode ser mais prejudicial do que imagina. Você influencia mais do que pode perceber. Mesmo que não leve um amigo ou conhecido a mudar de ideia e votar no seu candidato, quem assim age expõe seu coração e seus valores de forma aberta e irreversível, e isso mostra ao mundo quem é o seu senhor. Não há atividades neutras: ou você faz algo que glorifica a Jesus, o qual é Senhor sobre todos, ou glorificará alguma outra coisa menor, a qual não é digna de nada disso.

Tudo isso pode até ser esperado ou entendível de alguém que não é cristão. Mas é inconcebível que um cristão verdadeiro aja dessa forma. O cristão que recebeu o perdão de Jesus Cristo só presta contas a Ele, de sorte que não precisa nem deseja se submeter a nada disso. O coração do cristão é livre pela Palavra de Deus (João 8:32). Ora, é uma questão de simples lógica: se um cristão não é liberto das práticas anteriores que o aprisionam, então a Palavra de Deus não habita ricamente em seu coração. Logo, de nada adianta estar na igreja no próximo domingo e cantar com as mãos levantadas se você ainda está preso ou presa ao senhorio do mundo. Não adianta postar uma foto com expressões de quebrantamento hoje e amanhã estar em um evento político declarando apoio incondicional a pessoas que não merecem tanta glória para si.

Apenas Jesus Cristo e o Evangelho são capazes de mudar as pessoas e o rumo das cidades. Não há nada novo debaixo do sol, e as velhas práticas sempre se repetirão. Não, seu candidato não vai ser diferente por ser isso ou por prometer aquilo. Mas quero provocar-lhe a refletir. Se você age assim, saiba que seu problema é interior, em um nível que ninguém pode tocar, a não ser o próprio Cristo. Se você já teve um lampejo de sua graça e se diz fiel a Ele, não o troque por meras imitações. Reconheça que seu coração é falho e que sempre vai buscar “coisas complementares” para adorar. Não creia que isso é normal, pois você não pode servir a dois senhores, pois não há neutralidade, ao se dedicar a um, desprezará o outro (Mateus 6:24). O senhorio de Cristo é muito melhor pois, ao invés de escravizar como a política, Ele o liberta, e só assim você poderá ser verdadeiramente livre (João 8:36).

Recomendação de Livro:

A Guerra Dos Espetáculos: O Cristão Na Era Da Mídia

"OS OLHOS DO HOMEM NUNCA SE SATISFAZEM"
Que imagens devem alimentar nossos olhos? Nunca paramos para considerar os efeitos de nossa dieta visual sobre nossos hábitos, desejos e anseios. Porém, os vídeos virais, as imagens digitais e outros espetáculos nos rodeiam por todo lado e concorrem por nosso tempo, nossa atenção, nossa cobiça e nosso dinheiro. Neste livro, Tony Reinke nos convida a vermos as possibilidades e os perigos do nosso mundo centrado em imagens, tendo no horizonte a beleza de um Espetáculo Supremo, capaz de centrar nossa alma, encher nosso coração e firmar o nosso olhar em meio a esta era do espetáculo digital.

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Pela Bíblia | 2Co 4.16-5.10 | Temos da parte de Deus um edifício



Pela Bíblia | 2Co 4.16-5.10 | Temos da parte de Deus um edifício

PELA BÍBLIA. Os vídeos que fazem parte desta série ressaltam as verdades do Evangelho de Cristo, as quais estão dispostas pela Bíblia. A intenção é fazer análises curtas e concisas, em formato que seja possível seguir tanto por vídeo quanto por áudio.

Compartilhe este vídeo com alguém que você acha que será edificado por ele.
Deus te abençoe.

sábado, 21 de dezembro de 2019

O Natal e o Futuro Governante — Mq 5.1-9

     Ah, o Natal! Esta é, sem dúvidas, a melhor época do ano! As pessoas parecem ficar mais alegres e sorridentes. Talvez seja porque grande parte está de férias ou perto disso. As confraternizações começam a acontecer. O clima de fim de ano é sensacional! Contudo, talvez a grande maioria das pessoas, inclusive dos cristãos, deixa passar batido o verdadeiro significado do Natal.
     E não, não estou aqui falando apenas de que “Natal não é papai noel e sim Cristo que veio entregar a vida por você”. Este é o nível básico, a base, uma verdade que muitos parecem ter acolhido, lembrado e adotado para suas vidas, pois vemos autos e cantatas de natal, e coisas mais. Contudo, devemos ir além. A promessa do governante de Israel dada por Deus e entregue a nós por meio do profeta Miqueias e de outros profetas possui grandes implicações para nós ainda hoje — mais do que repetir jargões que, embora sejam verdadeiros, não levam ninguém a pensar e repensar seus modos de vida.

     Veja este trecho do livro de Miqueias, capítulo 5, versículos 1 a 9.
     "Agora, reúne tuas tropas, ó filha de tropas, pois há um cerco contra nós; com uma vara ferirão o governante de Israel na face." Mas tu, Belém Efrata, embora sejas pequena entre os milhares de Judá, sairá de ti para mim aquele que reinará sobre Israel, cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. "Portanto, tu os entregarás até que a parturiente dê à luz; então o restante de seus irmãos voltará aos israelitas. Ele permanecerá e cuidará do povo, na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra." Ele será a nossa paz. Quando a Assíria invadir nossa terra e atacar nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e oito comandantes. Eles destruirão a terra da Assíria pela espada, e a terra de Ninrode dentro de suas portas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando esta invadir nossa terra e entrar em nosso território. O remanescente de Jacó estará entre muitos povos, como orvalho da parte do SENHOR, como chuvisco sobre a relva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. O remanescente de Jacó também estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque, como um leão forte entre os rebanhos de ovelhas, o qual as pisará e despedaçará quando passar, sem que ninguém as livre. A tua mão será exaltada sobre teus adversários, e todos os teus inimigos serão exterminados.
— Miqueias 5.1-9, Bíblia Almeida Século 21 (Edições Vida Nova)

     Miqueias foi um profeta contemporâneo do profeta Isaías e profetizou durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, entre os anos 742 e 686 a.C. A nação de Israel, o povo escolhido de Deus, estava imerso em pecados absurdos, o que, como foi avisado na Lei, traria como consequência o castigo.
     A mensagem do livro vai desde o anúncio do juízo de Deus sobre Israel até a esperança de redenção que este povo deveria possuir. No livro do profeta Miqueias, aprendemos que, mesmo em um mundo maculado e destroçado pelo pecado, o propósito e o triunfo de Deus sobre o mal estão garantidos. Não há possibilidade alguma de falhar. Miqueias nos mostra a promessa de algo muito maior, algo que os hebreus sequer conseguiam conceber. Vamos ao texto.

1. A Preparação para o Rei (5.1-3)
     No v.1, há um aviso para que Israel prepare as suas tropas. O cerco de Senaqueribe, o qual viria a acontecer em 701 a.C., estava sendo preparado contra Israel. Ele capturou cidades fortificadas. Foi um dos ataques mais devastadores para Judá. Jerusalém escapou por milagre, como está relatado em Jr 26.18,19. Miqueias fala que ferirão o governante atual, ou seja, Ezequias não iria conseguir defender-se do ataque, e teria que se render.
     Mas a partir do v.2, há uma mudança no tom da profecia. Os oráculos de Deus passam a ser de renovo. A promessa futura de um redentor, de um governante poderoso, Rei dos reis, estava prestes a ser anunciada para fundamentar a esperança do povo. O cerco e o exílio seriam temporários, dados pelo próprio Deus, mas que após isso viria algo muito maior e melhor.
     Cerca de 700 anos depois, a promessa se cumpria na cidade de Belém da Judeia, Belém Efrata, a pequena entre as milhares de Judá. A cidade mais improvável, pequena e inexpressiva possível para o nascimento de um rei. Dela saiu aquele que há de reinar em Israel, Jesus Cristo. Os judeus, contudo, acreditavam fortemente que seria um rei político, que restauraria a posição de Israel perante seus vizinhos territoriais e se firmaria como potência novamente. Quem não seria tentado a pensar dessa forma? Poucos foram os que, pela fé, viram o Messias que reinaria sobre o Israel espiritual. Quando Miqueias fala de um rei cujas origens são desde os tempos antigos, ele quer literalmente dizer tempos remotos, tempos imemoráveis. Um rei cujas origens estão nos dias da eternidade jamais poderia ser um governante terreno, um mero sucessor do trono hebreu. Um rei não limitado pelo tempo ou pelo espaço. Esta é uma das passagens que mais dá detalhes acerca do Messias prometido, inclusive utilizada em Mateus 2.4-6 pelos mestres de Herodes para saber onde Cristo haveria de nascer.
     O v.3 nos mostra que Israel veria seus filhos e filhas serem entregues ao cativeiro, ao exílio. Israel jamais seria o mesmo depois disso. Contudo, o profeta nos mostra que as dores advindas desse castigo seriam como dores de parto: embora muito grandes, seriam temporárias. Não são agonias de morte. Elas seriam esquecidas após a grande “alegria da criança que viria ao mundo”, a plenitude dos tempos que viria. Quando esse tempo chegasse, o povo de Deus seria reunido, tanto Israel quanto seus irmãos distantes do exílio, como também pessoas de nações vizinhas e distantes (Mq 4.2-3). Cristo, o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.29), nos une a Deus novamente, e congrega todo o Israel espiritual junto de si.

2. O Governante de Israel, o Rei dos reis (5.4-6)
     Entre os detalhes que Miqueias dá acerca do Messias, ele nos diz no v. 4 que ele permanecerá e cuidará do povo. O próprio Cristo nos garantiu isso, momentos antes de sua ascensão, quando disse “e eu estou convosco todos os dias, até o final dos tempos” (Mt 28.20). Ele também garantiu que cuidaria do seu povo como um bom pastor, o qual não está distante, mas preza pelas suas ovelhas (Jo 10.11). Tudo isso por causa da sua força e majestade, que são a força e majestade do SENHOR, o Senhor dos exércitos, poderoso nas batalhas (Sl 24.8).
     Ele garante que o seu povo também permanecerá. Não serão extintos. E, de fato, seu povo ainda permanece. Mais de dois mil anos depois, seu povo continua firme em Seu Nome e o Reino de Deus avança. E isso se cumpre pois Ele é grande até os confins da terra. Deus o exaltou e lhe deu nome sobre todo nome (Fp 2.9-11). A pregação tem alcançado até mesmo os lugares mais longínquos, levando o soberano Nome. Mas isso não é mérito humano. Não temos uma mensagem descolada, bonitinha, amiga de todos. Sofremos perseguições. Fomos açoitados, presos, assassinados. Contudo, o sucesso da missão está garantido pois Ele está conosco!
     Apesar de todas as dificuldades, o povo de Deus descansa, pois ele será a nossa paz (v.5). Podemos ficar tranquilos e confiar nEle. Nisso deve consistir a segurança da igreja dos planos de satanás e do reino das trevas. Ainda que a Assíria invada as nossas terras e ataque nossos palácios, isto é, ainda que o mundo nos ataque e queira nos amedrontar, nos fazer desistir da caminhada com Cristo e da proclamação da sua mensagem, estaremos firmes nEle!
     Não faltarão homens e mulheres dispostos a defenderem o povo de Deus, pois eles serão levantados pelo próprio Deus! Levantaremos pastores e príncipes, um número adequado e competente de pessoas para se opor ao inimigo e proteger a igreja. O próprio Cristo nos garantiu que as portas do inferno não prevalecerão contra a sua igreja (Mt 16.18), desde que estejamos fundamentados na pedra angular, Jesus Cristo. Toda altivez será destruída pela espada, pela Palavra de Deus. Ele nos livrará, o nosso redentor.

3. A igreja de Cristo (5.7-9)
     O seu povo será como o orvalho (v.7), um instrumento de Deus para dar vida e levar bênçãos para aqueles com quem convivem. O seu povo vem da parte do Senhor, possui origem celestial, nascem do alto, eleitos pelo próprio Deus antes da fundação do mundo (Ef 1.4). Seu povo será como o chuvisco, serão mui numerosos, e puros e cristalinos como gotas de orvalho. Eles não dependerão nem esperarão aprovação do mundo para agir em nome de Deus.
     Em contrapartida, também serão como leões (v.8), valentes e destemidos, prontos para levar a mensagem com coragem até os confins da terra. A mensagem do Evangelho é uma mensagem muito séria. Para aqueles que não creem, somos como cheiro de morte, pois o Evangelho é uma boa notícia para quem crê, mas uma mensagem de condenação para os que não creem.
     Tudo será consumado na glorificação e na exaltação de Cristo. Este é o alvo final para o qual caminha toda a história. Essa glorificação teve início na sua vinda, morte, ressurreição e ascensão, continua ainda hoje mediante a pregação do Evangelho e terá seu fim no Grande Dia, no Dia Final, onde o justo juízo de Deus será manifestado (Rm 2.5), em que os que não creram serão condenados e os que creram serão recebidos na Glória. Amém!

Que o Deus Altíssimo nos faça relembrar todos os dias da sublimidade da vinda de Cristo. Que não tenhamos a audácia de reduzir a sua mensagem a meros jargões repetidos no fim de ano de forma automática. Que tenhamos em mente que Cristo veio como cumprimento dos propósitos de Deus para a salvação de seu remanescente. Como disse Ismael Quintero, “é contraditório que o mundo celebre o seu nascimento e rejeite sua mensagem”.
     A mensagem de Natal, antes de ser uma mensagem de amor, é uma mensagem de arrependimento, um alerta do juízo de Deus sobre os que praticam a iniquidade; um chamado à fé em Cristo Jesus, o Príncipe da Paz (Is 9.6), o renovo do Senhor (Is 4.2).
    E para os que já depositam sua fé nEle, esta deve ser uma data de gratidão a Deus, pois Ele sim é fiel e cumpre sua Palavra. Devemos nos maravilhar nos planos sublimes de Deus, assim como Paulo disse “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” (Rm 11.33).

Soli Deo gloria, nunc et semper, amen.
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