sábado, 27 de março de 2021

Resenha: Frankenstein

Frankenstein

Autor: Mary Shelley
Edição: Principis
Nota: 5,0/5

♦ Do que o livro se trata?

O livro é um “compilado” de relatos de Walton Saville, um marinheiro que deseja explorar as terras geladas mais ao Norte do globo, as quais são conhecidas por seus perigos e sua incapacidade de navegação. No meio da expedição, ele e sua tripulação se deparam com uma figura enorme e deformada passando rapidamente pelo gelo em trenós e, um tempo depois, encontram um homem vagando em uma placa de gelo que havia se desprendido, fadado à morte caso não fosse encontrado. O resgatado, Viktor Frankenstein, passa a relatar tudo o que lhe acontecera até chegar ali. O livro então é quase todo composto do relato da sua vida até aquele ponto, de como, por meio de seus estudos da filosofia natural, conseguiu criar um ser inanimado e dar vida a ele, um ser composto de diversas partes humanas desproporcionais entre si, que lhe conferiam uma aparência vil e maligna. Este ser, cuja aparência é de um demônio, segundo seu criador, torna-se o motivo de seus terrores para o resto de sua vida. O ser criado por Frankenstein, que tinha as melhores aspirações, aprende com o ser humano o que é a maldade, e passa a agir assim para atormentar seu criador, fazendo-o sentir-se culpado pelos terríveis acontecimentos que tomam lugar.

♦ Minhas impressões/pensamentos sobre o livro

O livro é sensacional. A literatura dos séculos 18 e 19 me fascinam. Histórias, de fato, assombrosas, horripilantes, que nos tiram da zona de conforto e questionam não apenas nossos princípios, mas também a raiz deles. Não tenho críticas à obra em si. Bem, o final acontece muito rápido, é verdade, mas não deixa de ser surpreendente e impressionante. É uma leitura que vale muito a pena.
A Mary Shelley foi muito feliz na escrita deste livro. A progressão da história é ótima e trata de assuntos comuns a esta época da literatura. Por exemplo, frases e trechos que indicam a destruição certa e iminente do Viktor Frankenstein são recorrentes. É como se seu destino já estivesse traçado: qualquer sucessão de eventos acabaria levando ao fim do livro, pois é como se ele não tivesse para onde fugir, seu demônio criado por si próprio sempre o perseguiria. Seu objetivo de vida, o qual lhe parecia irresistível, era ao mesmo tempo repugnante e exigente demais, mas mesmo assim ele estava disposto a ir em frente, sem pensar nas consequências que enfrentaria. Isso ecoa também no Walter Saville, narrador original até que entre em cena o Viktor Frankenstein.

A obra também lida com a aspiração de Frankenstein a ser um criador e, de fato, até mesmo um pai para aquela criatura. “Uma nova espécie me abençoaria como seu criador e fonte; muitas naturezas felizes e excelentes deveriam sua existência a mim. Nenhum pai poderia reivindicar a gratidão de seu filho tão completamente como eu deveria merecer a deles”, é o relato de Viktor. Mas este sentimento vai embora quando ele vê sua criação ter vida e ser tão repugnante. A criatura é então desprezada pelo seu criador e condenada a andar errante pelo mundo, longe de qualquer afeto. Pela sua desprezível aparência, ninguém quer manter-se próximo a ele. Logo, sua única saída é vingar-se, tornando a existência de seu criador tão infeliz quanto a dele. Como a criatura diz ao seu criador: “Eu deveria ser o seu Adão, mas sou muito mais o anjo caído, que você desviou da alegria sem nenhuma mágoa. Por toda parte vejo felicidade, da qual sou irrevogavelmente excluído... Faça-me feliz e novamente serei virtuoso”. A resposta de Viktor à reivindicação de sua criatura dita o rumo da história.

Com relação à edição da Editora Principis, é uma das melhores edições dessa editora que já tive em mãos. O acabamento do livro é excelente, além de ser muito bonito. O custo benefício é sensacional, até hoje me pergunto como as edições da Principis são tão acessíveis! Pelo preço, pode-se imaginar que a edição venha cheia de erros, mas não é isso que acontece. É o contrário: a qualidade é excepcional. Há pouquíssimos erros de revisão, o que é naturalmente natural em qualquer livro. O único mais “grosseiro” é o fato de continuar a repetição de travessões enquanto o mesmo personagem ainda está falando; isso confunde um pouco a leitura, mas isso só aconteceu no último capítulo, e em poucas falas. Nada demais. Para mim, não afeta a nota geral com relação ao livro nem estraga a experiência de leitura. Recomendo demais a edição da Principis, uma edição de excelente qualidade!

♦ Quem deveria lê-lo?

Todos os amantes da literatura devem entregar-se à leitura (e releitura) desde clássico. É possível se beneficiar muito da leitura deste livro. Impossível não se emocionar com os relatos, ou não ficar tomado de terror e surpresa conforme a leitura progride.

♦ Como o livro me mudou?

É importante sempre se perguntar: será que a mera aparência das pessoas afeta o meu julgamento com relação a elas? Isso vale não apenas para a aparência física, mas também para objetos e posses da pessoa. Em um nível mais profundo: até onde estamos dispostos a ir por nossas aspirações que, às vezes mesmo sombrias, não medimos esforços para alcançar? Estamos dispostos a lidar com os “demônios” criados pelo meio do caminho e que nos atormentarão até o fim de nossas vidas?

♦ Melhores citações

  • “Com essa estranheza as nossas almas são construídas e, por ligamentos assim frouxos, nos unimos à prosperidade ou à ruína.” (p. 40).
  • Por que o homem se gaba de sensibilidades superiores àquelas aparentes em estado bruto, na natureza? É só para se tornar um ser mais necessário.” (pp. 101-102).
  • “Será que o homem era, de fato, tão poderoso, tão virtuoso e magnífico, mas tão depravado e vil?” (p. 125).
  • “Será que eu era um monstro, uma nódoa sobre a Terra, alguma coisa da qual todos os homens fugiam e a quem todos repudiavam?” (p. 126).
  • “Não posso descrever a agonia que essas reflexões infligiram à minha pessoa. Tentei dissipá-las, mas a tristeza só aumentou com o conhecimento. Oh! Por que não havia ficado para sempre no bosque onde nasci, sem conhecer ou sentir nada além das sensações de fome, sede e calor?!” (p. 126).
  • “Ah! Como é bom o infeliz se resignar, mas para os culpados não há paz. As agonias do remorso envenenam a luxúria que, de outra forma, se encontra em entregar-se ao excesso de dor.” (pp. 201-202). 

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Victor Frankenstein desde muito jovem se dedicou aos estudos da filosofia e das ciências naturais. Até que, em uma experiência bem-sucedida (que lhe sugou a energia e o afastou do convívio dos seus entes queridos), ele foi capaz de dar vida a um ser de feições e trejeitos assustadores. A partir de então, criador e criatura passam a viver um jogo de perseguição repleto de sangue e horror – a primeira obra de ficção científica da literatura e um clássico do terror.

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