terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Como um Jovem Pode Servir a Deus e a sua Comunidade

por Renan Monteiro

Texto Base: Dn 1.3-8
3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, 4 jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. 5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei. 6 Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. 7 O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego. 8 Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.

Entre tantas mensagens possíveis para os jovens, entre tantas passagens bíblicas possíveis para se escolher, uma faz-se especial nessa época. Em uma visão mais restrita, um período em que nossa cidade (Guarabira-PB) se prepara para noites de festa dedicadas a ídolos. Em uma abordagem mais ampla, um período mau em que os jovens carecem do ensino da verdade de Cristo, e são levados por todo vento de doutrina enganosa. Esperamos, por meio desta breve mensagem, exortar os amados irmãos a perseverarem na verdade santa do nosso Senhor, a não se conformarem com este século, e para glorificarem a Cristo em tudo o que fizerem.

A passagem relata que quatro jovens judeus, tementes ao SENHOR, foram levados cativos à Babilônia. Observando que eles eram muito bem preparados tanto fisica quando intelectualmente, foram separados para servir ao rei Nabucodonosor após um certo período de treinamento. Durante esses três anos em que eles aprenderiam os costumes do povo e suas ciências, eles teriam que adaptar-se ao novo povo, onde até receberam novos nomes, a fim de que eles se esquecessem da sua terra natal e do seu passado. Contudo, eles tinham um desafio: não esquecer do Deus a quem serviam. Uma das medidas que Daniel encontrou para isso foi não tomar parte nas iguarias, isto é, nas comidas que eram servidas ao rei e aos seus mais próximos. Essa atitude foi aceita também pelos outros três jovens.
Podemos destacar três pontos nessa passagem.

1. Os jovens eram fieis a Deus.
Os quatro jovens tinham consigo o desejo de agradar ao SENHOR em tudo o que faziam. Provavelmente, como eram muito inteligentes, eles sabiam da Lei, sabiam da promessa. Eles sabiam que faziam parte de um povo santo, do povo escolhido por Deus. Mais à frente, eles deram testemunhos grandiosos da fé que eles tinham, a ponto de desafiar decretos do rei e sofrerem pena máxima, mas tendo suas vidas preservadas pelo Deus Todo-Poderoso. Eles também demonstravam hábitos de fé, como Daniel, que orava três vezes por dia com as janelas voltadas para Jerusalém (Dn 6.10).

a) Eles se preocupavam em obedecer a Deus e não aos homens.
Obedecer aos homens é fundamental em nossa convivência. Somos subordinados diariamente aos nossos pais, às autoridades da igreja, às do mundo, mas é ainda mais importante obedecer a Deus, mesmo que as ordens dos homens sejam contrárias. (At 5.29 Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens.)

b) Eles foram o diferencial em sua época.
Perceba que servir a Deus faz com que o cristão se destaque em vários aspectos. Aqui, além de se sobressaírem pela boa aparência e inteligência, eles se destacaram como cristãos em meio aos ímpios, estando dispostos a fazerem sacrifícios, sendo achados depois disso ainda mais formosos e mais inteligentes do que os que comiam das iguarias do rei. Acredito que aqueles que servem a Cristo e se preocupam em crescer nEle, têm, de fato, as demais coisas acrescentadas. O estudo secular fica mais leve, e o trabalho, mais prazeiroso.

2. Os quatro jovens eram bons no que faziam.
"instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes[...]"

Os jovens eram dedicados. Eles não eram apenas inteligentes em seus ofícios, mas também eram competentes. Ser competente é demonstrar caráter. E isso não se aprende com estudo. O verdadeiro cristão deve ter consciência de que seu caráter e o que ele faz devem resplandecer a Cristo. Uma vez que Deus forjava neles o caráter necessário para uma boa conduta, as pessoas ao seu redor tinham neles cada vez mais confiança, a ponto de que Deus os concedia ainda mais conhecimento e, especialmente a Daniel, o dom de interpretar sonhos. Convém notar que os dons que recebemos devem ser unicamente para glorificar a Deus, conforme Daniel 2:

1No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono. [...] 17Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, 18para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia. 19Então, foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu. 20Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; [...] 26Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua interpretação? 27Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; 28mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. [...] 47Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério."

Nossos dons não são para nossa vanglória. Diz-se que, um dia, um jovem sapateiro convertido perguntou a Lutero o que poderia fazer para servir melhor a Deus e ser um bom cristão. Lutero simplesmente respondeu: “Faça um bom sapato e venda por um preço justo”.

A aplicação que podemos retirar dessas passagens é que não precisamos necessariamente ser "doutores", mas aquilo que nos é designado para fazer, aquilo que nos é dado como tarefa, façamos da melhor forma possível, pois nisto Deus é glorificado e nisto damos bom testemunho. (1 Pe 4.10: Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus).

3. Os jovens não se contaminaram com as iguarias do rei.
Esta decisão é interessante. Eles não eram necessariamente obrigados a declinar a comida do rei, a não ser que houvesse algum alimento proibido pela lei judaica, como carne de porco, por exemplo. Contudo, este podia ser o primeiro passo em direção a um caminho sem volta. A decisão dos jovens visava mortificar os prazeres dos sentidos, ignorar os prazeres da carne. É o que se faz, por exemplo, no jejum. Fica-se sem comer durante um tempo, em oração e buscando santificação pois, se você consegue vencer sua carne por algumas horas em uma necessidade básica, estará mais propenso a vencer pecados. Gn 4.7: Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo. Manter o pecado longe é mais fácil do que lutar para retirá-lo da sua vida depois.

Atualmente, há iguarias fáceis de ver e até de recusar. Por exemplo, festas, bebidas, geralmente não são coisas muito complicadas de recusar. Mas há também iguarias mais sutis, e que precisamos ter cuidado redobrado. As mesmas festas trazem atrações aparentemente inofensivas, como parques, comidas agradáveis, que são comercializadas tanto na festa em si quanto em dias após as festas. Porém, consumir esse tipo de alimento é consumir sacrifícios oferecidos a ídolos. O problema não é a comida em si, mas o objetivo por trás do seu comércio. Esse tipo de iguaria distorce a verdade de Cristo de forma aparentemente mais leve, mas traz consequências tão graves quanto as outras. Pv 23.3: Não cobices os seus delicados manjares, porque são comidas enganadoras.

Um exemplo que não podemos deixar de citar é a crescente onda de igrejas que tentam atrair pessoas através de cultos temáticos, colocando o entertenimento acima da suficiente palavra de Deus. Fazer isso é aceitar os manjares desse mundo, reconhecendo que a Palavra de Deus não é poderosa para atrair por si só. Outro exemplo, essa semana vi alguém compartilhar uma foto dizendo "fulano é uma bênção, ganhando almas pela música eletrônica". Será? Ele não devia ganhar almas pelo Evangelho de Cristo? É certo que quem por motivos errados vem, por motivos errados se vai.

Irmãos, assim como diz o apóstolo Paulo em Romanos 12.2, "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Manter uma postura reta é difícil, não podemos alcançar isto apenas com nossas forças. Ficar longe é apenas o primeiro passo. Não fazer é algo é apenas o primeiro passo, mas não é tudo. A verdadeira transformação e renovação da nossa mente é quando não sentimos mais vontade e prazer no pecado e nas coisas do mundo. E isso só o Senhor Jesus nos dá.

Oremos pois pedindo que Ele nos afaste do mal, que Ele retire de nós toda inclinação para o mal, assim como o salmista disse em Sl 141.4: "Não permitas que meu coração se incline para o mal, para a prática da perversidade na companhia de homens que são malfeitores; e não coma eu das suas iguarias". Dessa forma, conseguiremos persistir na jornada até irmos ao nosso Pai. Amém.

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